quinta-feira, 16 de outubro de 2008

NEGRARIA - COLETIVO DE ARTISTAS NEGROS DE BELO HORIZONTE

Olá Negraria!

Sejam bem vindos a este nosso espaço virtual, sim é todo nosso. Estamos continuando a história que nossos ancestrais começaram. Estamos aqui e viemos também para ficar, somos muitos e unidos somos muito mais, por isso somos NEGRARIA; multidão, aglomeração, coletivo de Negros Artistas, Artistas negros, negros que fazem Arte, Arte de Negros sem essencializar, mas respeitando sua matriz Negra. Sim , temos história, temos memória, alma e coração.
"Também o leão deverá ter quem conte a sua história, não só o caçador"( Hinua Achebe - escritor nigeriano).
Vamos a ela então...

NEGRARIA
Coletivo de Artistas Negros/Negras
Histórico e Conceito
Por Evandro Nunes1
Em 2004 tentando sanar a inquietação a cerca das referências negras no teatro, procurei o Sated/MG querendo saber quem eram os artistas negros sindicalizados. Não obtive respostas, mas o sindicato se dispôs a fazer esta busca juntos, e em função disso colocou-me em contato direto com Milton Gonçalves, Zezé Motta, Maria Ceiça, e Antônio Pitanga, artistas estes circulando pelo país nesta mesma busca. E circulando por Belo Horizonte, ainda inquieto por esta ausência, encontro no Alto Vera Cruz a atriz Meibe Rodrigues, digo a ela desta minha angustia, que logo soube que não era só minha, ela também tinha o mesmo sentimento. Devido aos nossos compromissos, não conseguimos muito tempo para articularmos uma ação concreta para sanar este sentimento. Falo também com o ator Carlos Henrique, do grupo de teatro Trama. Ele por sua vez, em alguns dos nossos encontros, trouxe um serie de material relacionado ao negro nas mídias e no teatro. Mas o tempo, escasso, não permitiu que tivéssemos mais do que três encontros.
Em uma das apresentações da comemoração dos 15 anos do TEATRO NEGRO E ATITUDE, em meados de 2008, reencontro a atriz Meibe Rodrigues, e numa conversa rápida, disse do desejo de retomar nossa conversa sobre os artistas negros. Trocamos e-mails e logo nos articularmos e convidamos outros artistas para falarmos desse nosso desejo, que percebemos que não é só nosso, e sim de uma gama de artistas e agitadores culturais de Belo Horizonte.
Nossa primeira reunião aconteceu no SATED/MG, e contou com a presença dos artistas: Denílson Tourinho, Marileide Costa (Leide Perola negra), Marcus Carvalho, Rita de Amorim, Raquel Moçambique e Magdalena Rodrigues (presidente do sindicato). Na ocasião, a proposta, até então, minha e de Meibe, era de reunir os artistas para criarmos um cadastro que servisse como um portfólio dos participantes. Também, nos foi apresentado pela presidente do sindicato, a proposta de fazermos um espetáculo somente com atores negros e se possível formar um grupo com estes artistas. Como não era o foco da reunião, ficamos de pensar e achamos por bem, que a resposta a este convite fosse individual.
A reunião com artistas negros foi ganhando corpo, e outros artistas foram aderindo ao chamado, dentre eles: Luciana Matias, Gil Amâncio, Junia Bertolino, Leonardo Kban (odum orixás), Jorge Dissonância, Sônia Siqueira, Ari Helton, Ligia Santos, Márcia Cristina, Carlos Henrique. E com isso há uma reformulação na proposta inicial, que era apenas a formulação de um cadastro dos artistas negros de BH, ganha outras dimensões, ou seja, o desejo passa a ser o de criar um catalogo, onde pudesse constar o contato e os trabalhos de cada um; também, criar um coletivo destes artistas, e para a participação neste é estabelecido o seguinte critério: ser negro - visivelmente negro; e com isto tudo, surge à idéia de se construir um grande encontro para artistas negros de belo horizonte e região metropolitana.
É importante frisar, que esta reunião, ou criação do Negraria – Coletivo de Artistas Negros/as, não é uma ação isolada, ela tem seus princípios calcados no TEATRO EXPERIMENTAL DO NEGRO (TEN), que foi fundado em 1944 pelo ex-senador Abdias do Nascimentos e pelo múltiplo artista Solano Trindade, e durou até 1964, como exílio de Abdias. O TEN atuou e desenvolveu em três níveis básicos: o teatral-artístico; o de organização-estudo, e o de iniciativas político-pragmática, ou seja, além de formar artistas, este grupo de teatro, valorizou a estética (o corpo negro e os símbolos desta cultura), alfabetizou e politizou vários negros/negras brasileiros/as.
O Negraria atende ao chamado dos grupos/companhias atuais que visam discutir a atuação do artista negro na construção da arte e da cultura brasileira, e que fazem parte do Fórum Nacional de Performance Negra, que caminha para sua 3ª edição, que devido aos problemas de investimento culturais, ainda não pôde ser realizado
A principio, visto que estar em processo de construção, e esta se dá de maneira coletiva, os objetivos do Negraria são:
1 - Criar um catalogo dinâmico e vivo que sirva para divulgar os artistas e seus trabalhos;
Agregar uma gama de artistas negros da cidade de Belo Horizonte e região metropolitana na construção deste coletivo;
2 - Viabilizar a inserção da temática negra nas discussões culturais e políticas da cidade;
3 - Construir ações concretas para inserção do negro no mercado de trabalho;
4 - Entender o papel do negro como fazedor de arte nestes tempos globalizantes;
5 - Possibilitar ações de caráter formativo e de capacitação para os artistas negros de Belo Horizonte e região metropolitana

A ação do Negraria tem um caráter artístico e político, pois segundo Martins ‘ a cor de um individuo nunca é simplesmente uma cor, mas um enunciado repleto de conotações e interpretações articuladas socialmente, com um valor de verdade que estabelece marcas de poder, definindo lugares, funções e falas”.2

A pedra fundamental foi lançada, agora resta-nos construir os alicerces para que esta construção perdure o tempo necessário.

Venha, dê a sua preciosa contribuição nesta construção que é para todos nós!

NEGRARIA- COLETIVO DE ARTISTAS NEGR@S DE BELO HORIZONTE E REGIÃO.

*1 - ( Evandro Nunes é ator, pedagogo, pesquisador e poeta.)
*2 - Martins, Leda Maria. A cena em Sombras. Belo Horizonte; Ed. Perspectiva. 1995.

Luciana Matias.

Um comentário:

  1. Neste sábado, dia 23/05, a partir das 18:00 hs, na Praça da Liberdade, a GRANDE FESTA PÚBLICA E LIVRE de BH!!! Leve bebida, comida, instrumentos musicais (ou aparelho de som), jogos, atividades (teatro, dança, leitura de textos, shows de mágica, etc.), uma proposta (por exemplo, uma brincadeira/esporte usando o espaço físico da praça) ou qualquer outra coisa / idéia. Ou, então, só apareça para poder festejar, conversar e se divertir.
    A idéia é promovermos (tod@s) um encontro livre, interativo e divertido no espaço público, que é de tod@s e para tod@s. Buscar um encontro que seja realmente público, sem que grandes empresas ou o estado tenham que promover, isto é, são os próprios interessados se auto-organizando. A história, nós a fazemos!
    Até sábado,
    Ass.: pessoas livres e comuns.
    Espalha pra turma negra!!!!

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